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20 de maio de 2019“Precisaremos de especialistas em China no setor privado e nas universidades”, diz Oliver Stuenkel
Se a economia mundial continuar avançando na mesma toada, a China ultrapassará os Estados Unidos e se tornará a maior economia do mundo nas próximas décadas. Independentemente da postura do atual e dos próximos governos brasileiros, mesmo que contrários à política externa chinesa, o país asiático deverá continuar sendo o principal parceiro comercial do Brasil. Portanto, para não perder oportunidades de negócios e de desenvolvimento, é necessário que a diplomacia, o setor privado e a academia se debrucem para entender como a China funciona. A avaliação é do professor adjunto de Relações Internacionais na Fundação Getulio Vargas (FGV) e doutor em Ciência Política pela Universidade de Duisburg-Essen (Alemanha), Oliver Stuenkel.
Em entrevista ao UM BRASIL, Stuenkel comenta que, enquanto pouco sabemos sobre os negócios, a cultura e a política da China, as autoridades do gigante asiático entendem como esses aspectos funcionam no Brasil e, com isso, planejam como se dará a relação com o País pelas próximas décadas.
“É um erro dizer que [só] o governo ou o Itamaraty precisa fazer mais. Há diplomatas brasileiros que falam chinês, entendem a China, mas é um grupo minúsculo. O Brasil tem pouquíssimos diplomatas. Então, precisa ser um esforço também das empresas e das universidades [para entender a China]”, avalia Stuenkel.
“O meu desespero semanal é que muitos alunos meus querem fazer intercâmbio na Espanha, em Portugal, ou na França, e pouquíssimos querem ir para a China. Essas são as pessoas que assumirão posições de liderança na sociedade brasileira daqui a 20 anos”, alerta, citando um eventual vácuo de conhecimento sobre o maior parceiro comercial do País.
Segundo Stuenkel, apesar de a política externa do governo de Jair Bolsonaro adotar uma “retórica mais pró-Estados Unidos”, a China deve seguir sendo o principal parceiro comercial do Brasil, “porque, no fundo, é algo que nenhum governo consegue mudar”.
Ele reforça esse argumento dizendo que, enquanto os Estados Unidos ainda consideram a América Latina o seu quintal de influência, a China, “sem muita percepção pública”, se aproximou de diversos países da região e essa relação “tende a aumentar cada vez mais”.
“Daqui a 20 anos, se tudo continuar do jeito que está acontecendo hoje, a economia chinesa será muito maior do que a norte-americana. Teremos que ter especialistas em China no setor privado, na sociedade civil, nas universidades, e não só para se alinhar com a China, mas para saber negociar”, afirma Oliver Stuenkel. Assista à entrevista completa aqui.
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